Share Magazine 22
distribuição gratuita NOV•DEZ 2015
{ VOLUNTARIADO } CONTRIBUTOS PORTUGUESES PARA UM MUNDO MELHOR
{ SEM-ABRIGO } VIDAS QUE VOLTARAM A TER UM TETO
{ TATUAGENS } QUE TINTAS ESTAMOS A INJETAR NA PELE?
{ VIDEOJOGOS } RISCOS E BENEFÍCIOS DE UM PASSATEMPO VICIANTE
{ ANTÓNIO GASPAR } ENTREVISTA AO FISIOTERAPEUTA DA SELEÇÃO PORTUGUESA
ENTREVISTA EXCLUSIVA
Enrique Iglesias
A história da caixa que mudou o mundo TELEVISÃO
Pág. 26
“Já passei por altos e baixos na minha carreira e aprendi muito com essas experiências”
Campanha válida até 31 de dezembro de 2015
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MEDITATIO 04 |6Você realmente precisa disso?
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PANORAMA 06 |6Ambiente
COORDENAÇÃO GERAL Leandro Maquinez
6 Cemitérios eletrónicos
COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO Carla Pinto JORNALISTA RESPONSÁVEL Ana Rita Dinis
08 |6Geopolítica
6 Tensão nas Nações Unidas
REDAÇÃO Ana Rita Dinis Daniela Carrilho Nuno Estêvão Virginia Galván
PÚBLICO 10 |6Entrevista
6 Enrique Iglesias
COPY DESK Nuno Estêvão ObservadooAcordoOrtográfico COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Design e paginação
16 |6Mundo
| 6 Tattoos , tintas e tóxicos | 6 Crónica: Faturas e 6 deduções no IRS de 2015 | 6Crise europeia de refugiados | 6Hospital Moriah de portas 6 abertas para o mundo | 6Reino Unido quer pôr fim ao 6 fumo nos carros com crianças
Ana Paula Costa Ângela Correia Edir Antunes Hélio Mateus Rui Lança Samuel Pereira Texto André Romeu Inês Carranca Fernanda Borges Mário Carneiro Mónica Machado Sara Veloso Vítor Alvito Colunistas David Perpétuo
22 |6Sociedade
| 6À margem da vida | 6 Crónica: O lado invisível 6 da festa
26 |6Planeta Record
| 6Uma TV com História | 6Programação
Mariana Abecasis Pedro Fernandes Renato & Cristiane Cardoso
32 |6Desporto
| 6 Entrevista: António Gaspar | 6Remates de inclusão
MARKETING E APOIO INTERNACIONAL Luana Miranda
marketing@recordeuropa.com
VIDA 36 |6Destinos
DIREÇÃO COMERCIAL Deolinda Pinheiro comercial @record europa .com +351 210 346 052
6 Algarve: Uma opção animada 6 para entrar em 2016
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38 |6Comportamento 6 O seu filho é fã 6 de videojogos? 40 |6Voluntariado 6 A ajudar o mundo 42 |6Saúde
| 6Constipado? A equinácea 6 resolve | 6Osteoporose: Perguntas 6 e Respostas | 6 Crónica: Dois minutos com 6 Cristiane e Renato Cardoso | 6Proteja os seus lábios 6 do inverno | 6 Crónica: Cinco maiores 6 erros nas festividades
44 |6Bem-estar
DEPÓSITO LEGAL 327515/11
INSCRIÇÃO NA ERC 126071
A revista SHARE MAGAZINE e a sua proprietária não se responsabilizam pelos serviços e produtos anunciados, nem pelo teor das ideias onde eventualmente esses produtos ou serviços sejam fundamentados. Também não se responsabilizam por conceitos e opiniões emitidos por colaboradores e entrevistados, os quais não refletem necessariamente a opinião dos diretores e editores. 2685-331 Prior Velho - Portugal tvrecord @record europa .com +351 210 346 000 PROPRIETÁRIA/EDITORA Rede Record de Televisão Europa, S.A. MORADA: SEDE/REDAÇÃO Rua Mártires de Timor, n. o 34 Quinta Figo Maduro
46 |6Sabores
6 Arroz frito de Buddy Valastro
48 |6Cultura
| 6 Entrevista: David Carreira | 6 Entrevista: Afonso Reis 6 Cabral | 6Agenda
50 |6Factos e história 6 O herói soviético
EDIÇÃO#22 novembro/dezembro 2015
MEDITATIO
VOCÊ REALMENTE PRECISA DISSO?
35 mil fornecedores, o que resultou numa faturação superior a 60 mil milhões de euros. Por exemplo, as asas de um Airbus A380 são produzidas no Reino Unido, os pneus no Japão e mais de 480 km de cabos internos são provenientes da Alemanha. A horizontalização permite que os gestores concentrem os seus esforços no conteúdo intelectual, deixando grande parte do operacional aos seus parceiros. Isso de ideias, fortalecimento de recursos humanos e, ainda, redução dramática da ociosidade. Este também é o caminho dos media . Os seus esforços estarão mais do que nunca concentrados no conteúdo (intelectual), independentemente do tipo da plataforma. resulta em agilidade, objetividade, criação a falta de suporte ou de investimentos. O sucesso estará tanto dependente do forte empenho de trabalho, como de saber aplicar metodologias de parcerias e gestão horizontal. Não é uma questão de ser otimista ou pessimista, mas sim realista. Uns irão chorar enquanto outros venderão lenços. De que lado você estará? Não adianta tentar culpar a crise global,
A pergunta acima é fatal! Reduz imensamente qualquer tipo de orçamento. Apesar de aparentar ser de fácil compreensão, há - acredite - uma enorme dificuldade emmuitos sectores para compreender esta analogia. Os vários modelos de negócio têm sofrido modificações severas. Isto significa que aquilo que
aquilo de que se necessita sem auxílio de terceiros. Como exemplo, apenas para ilustração, imagine uma empresa produtora de automóveis que decida que deve também produzir os pneus dos mesmos. Essa ideia assenta numa estratégia de concentração de esforços; controlo de toda a mão-de-obra e processos; e, até,manter o fundo demaneio próximo dos investidores.
também, enorme desperdício de tempo com atividades que não são elementos principais do core business . Este último é ainda mais perigoso, pois costumo dizer que o dinheiro se pode até recuperar, mas o tempo jamais se recupera! No século XXI, vence quem consegue encontrar um equilíbrio, transferindo os gastos de gestão e operacionalidade para aquilo
© DR
No entanto, permita-me dizer que este sistema é, nos dias atuais, o causador de sérios problemas de gestão e de ordem financeira. Isso, porque tal sistema aumenta a atividade interna de operação e gestão, culminando em custos administrativos excessivos, com perda de eficiência e produtividade. Consegue prever a tragédia? Sérios problemas com recursos humanos, dificuldade em manter orçamentos sólidos, desvio do foco da gestão do produto final por causa da alta demanda de soluções de problemas operacionais e,
‘dava certo’ no passado não é garantia de sucesso hoje. Como exemplo, sabemos que o século XX foi marcado por inúmeros avanços industriais e tecnológicos. Isso fez com que muitas empresas adotassem a estratégia da verticalização. Verticalizar é um conceito empresarial que se aplica quando uma organização evita qualquer tipo de outsourcing ; segrega todas as suas forças de forma interna e independente para alcançar um resultado; ou, ainda, refere-se a uma forma de trabalho próprio para produzir tudo
que é verdadeiramente essencial. Sábio é aquele que consegue conter as despesas e manter a
produtividade sem sufocar a empresa. Não estamos aqui a falar necessariamente de economizar, mas de viabilizar. Uma empresa sadia não é definida pelo número de funcionários, mas sim pela produtividade . Assim, a verticalização está falida e a horizontalização dita a regra nos tempos atuais . Como exemplo de horizontalização, vou citar a Airbus que, em 2014, gastou 65% do seu orçamento commais de
CEO da Rede Record de Televisão Europa Marcelo Cardoso
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PANORAMA xxxxx
PANORAMA xxxxx ambiente
© Corbis/VMI
Cemitérios eletrónicos
Em 2014 41,8 Mt de equipamentos eletrónicos chegaram ao mercado 5%
A democratização da tecnologia e a ânsia consumista do mundo ‘ocidentalizado’ agravam o crescente problema dos resíduos de equipamentos em fim de vida. Muitos vão parar a países pobres e tornam-se perigosos focos de poluição.
dos resíduos mundiais são ‘e-lixo‘
texto Nuno Estêvão
A pontada durante anos como um dos lugares mais poluídos da África ocidental, a 'e-lixeira' de Agbogbloshie fica nos subúrbios de Accra, capital do Gana. Há anos que recebe milhões de toneladas de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE), provenientes de países desenvolvidos do ‘mundo ocidental’, mas também de outras nações africanas. Com o objetivo de obter ‘preciosas’ matérias-primas (como cobre, alumínio ou ferro) e outros materiais, homens desmantelam frigoríficos, televisores e outros equipamentos. Os restos são empilhados para alimentar gigantescas queimadas que consomem o plástico, deixando apenas as partes metálicas. Esta ‘reciclagem informal’ permite a sobrevivência de milhares de famílias pobres, mas os fumos tóxicos libertados
e a contaminação de terrenos e água põem em risco as cerca de 40 mil pessoas que moram perto daquele local. { ‘E-lixo’ na Europa } De acordo com o relatório ‘Countering WEEE Illegal Trade’, divulgado em agosto, a Europa produziu, em 2012, um total de 9,45 milhões de toneladas (Mt) de ‘e-lixo’, mas apenas 3,3 Mt (35%) deram entrada nos circuitos oficiais de reciclagem. O estudo conclui ainda que os restantes 65% (6,15 Mt) destes resíduos tiveram fins distintos: 3,15 Mt foram inadequadamente recicladas; 1,5 Mt tiveram como destino o lixo comum (indiferenciado) e/ou foram alvo de extração das suas partes mais valiosas; e 1,5 Mt acabaram por ser exportadas.
Ainda assim, julga-se que 30% (cerca de 400 mil toneladas) destes bens descartados pelas sociedades europeias sejam, de facto, ‘e-lixo’, enquanto o restante é reaproveitado para desempenhar a sua função original ou os seus componentes (re)utilizados para a reparação de outros equipamentos usados. { A força da mudança } Em Agbogbloshie, os primeiros raios de sol do dia testemunham uma mudança que poderá ser a chave para que esta história tenha um final feliz. Financiado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), Comissão Europeia e Global Alliance for Health and Pollution, no final de 2013 foi implementado naquela área umprojeto de reciclagem de ‘e-lixo’. Sensibilizar os trabalhadores locais para a adoção de práticas de reciclagem sustentável, diminuindo o impacto
nocivo da atividade na sua saúde, atmosfera, água e solo são alguns dos objetivos do ambicioso projeto. Estima-se que todos os anos 5% de todo o lixo produzido pela Humanidade seja REEE. Daí que, emmuitos locais do Mundo, continuem a existir centros de reciclagem informal. China, Indonésia e Bangladesh são exemplos de países que possuem cemitérios de lixo eletrónico a céu aberto. O progresso das sociedades e o drástico decréscimo do ciclo de vida dos produtos tecnológicos, muito por culpa da afirmação de um consumismo desmedido, gerammaiores quantidades de ‘e-lixo’, pelo que a correta reciclagem dos REEE afigura-se como a solução mais viável para diminuir o impacto ambiental dos mesmos. E, também, para acabar com os perigosos cemitérios eletrónicos.
Embora existam canais próprios para reciclar e valorizar os REEE,
estima-se que 1,3 Mt enviadas para fora da UE tenham sido exportadas ilegalmente.
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PANORAMA geopolítica
©Lusa
TENSÃO NAS NAÇ Õ ES UNIDAS Israel contra acordo com o Irão O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu , lançou um ataque aberto ao entendimento nuclear com o Irão. O líder israelita acusa a ONU de passividade perante as ameaças de Teerão e afirma que "não é fácil a oposição a algo que está a ser apoiado pelas grandes potências do mundo".
Texto Ana Rita Dinis
Veja o discurso de Benjamin Netanyahu
N a Assembleia Geral da ONU, emNova Iorque, o chefe do Governo judaico voltou a tecer duras críticas ao acordo sobre o programa iraniano, alcançado em julho, entre Teerão e os cinco membros do conselho permanente da ONU (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido) mais a Alemanha, e que visa garantir que o Irão não desenvolve energia nuclear comfins belicistas. Netanyahu disse mesmo que o seu país nunca irá permitir que o Irão "entre no clube das armas nucleares", seja de que forma for, com acordos ou sem acordos. E assegurou que Israel "se defenderá" do perigo que representa a possibilidade de o Irão se munir de armas nucleares. "Israel fará o que for necessário para defender o nosso Estado e o nosso povo. Desengane-se o Irão se planeia destruir Israel, pois fracassará". O líder israelita assegurou ainda estar disponível para negociações diretas de paz
o acordo, se as milícias terroristas do Irão lançassem milhares de mísseis às vossas cidades, talvez vocês fossem mais moderados na vossa euforia. E se este acordo estivesse a desencadear uma corrida nuclear na vossa vizinhança talvez vocês estivessemmais relutantes em celebrar”, afirmou. Para o primeiro-ministro israelita, assim que as sanções sobre o Irão forem levantadas, como parte do acordo, o país "vai continuar a iludir" a comunidade internacional. preparado para usar a força militar para impedir o Irão de adquirir armas nucleares. Ao mesmo tempo que Teerão nega ter esse objetivo e insiste que o seu programa nuclear é pacífico. Israel tem alertado repetidamente que está
com os palestinianos. "Estou preparado para retomar de imediato as negociações de paz diretas com a Autoridade Palestiniana sem nenhuma condição prévia em absoluto", disse Netanyahu, antes de exortar o líder palestiniano a "não se afastar da paz" e a "cumprir os seus compromissos". "Infelizmente, Abbas disse que não está preparado para o fazer. Espero que mude de opinião", acrescentou o primeiro-ministro israelita numa referência ao discurso pronunciado anteriormente, tambémna tribuna da ONU, por Mahmoud Abbas. { Silêncio ensurdecedor } Durante o discurso, Netanyahu mostrou à assistência um livro escrito pelo ayatollah Ali Khamenei, que o líder israelita diz conter um apelo à destruição de Israel, lembrando as consecutivas ameaças do Irão ao seu país e a promessa dos líderes iranianos de que “não
haverá Israel em 25 anos”, e acusou os países-membros da ONU de passividade total.
“Setenta anos após o assassinato de seis
milhões de judeus, os líderes iranianos prometem destruir o meu país, matar o meu povo e a resposta desta organização, a resposta de quase todos os Governos aqui representados tem sido absolutamente nenhuma. Silêncio total. Um silêncio ensurdecedor”, afirmou antes de interromper o discurso durante 45 segundos, um tempo longo e que marcou o ambiente da Assembleia. “Talvez agora vocês entendam porque Israel não está a celebrar este acordo convosco. Se os líderes iranianos estivessem a planear destruir o vosso país, talvez vocês estivessem menos entusiastas com
"Desengane-se o Irão se planeia destruir Israel, pois fracassará", afirmou Benjamin Netanyahu
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PÚBLICO
De Madrid a Miami, com altos e baixos, e mais de 100 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, Enrique Iglesias está no auge da carreira. Um homem feliz, que tem dificuldade em dormir, é fã de futebol, não dá nada por garantido e segue sempre o seu instinto. Assim se apresenta, em entrevista exclusiva à Share Magazine , o ídolo mundial da música pop latina. Com um carinho muito especial por Portugal, promete apenas uma coisa aos fãs que aguardam ansiosamente o seu concerto em Lisboa: uma experiência memorável. “Portugal tem um lugar muito importante na minha memória” Enrique Iglesias
texto Daniela Carrilho
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ENTREVISTA EXCLUSIVA
©DR
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PÚBLICO entrevista
DUAS DÉCADAS DE MÚSICA E DE ÊXITOS
Q uais são as melhores memórias que guarda da sua infância em Madrid? Tive de me mudar para os Estados Unidos quando era muito novo, por isso ficava sempre muito entusiasmado quando ia passar férias em Espanha, em épocas como o Natal e sobretudo nos verões quando podia
O disco 'Enrique Iglesias' ganhou um grammy e 'Escape' tornou-se no seu álbum mais vendido em todo o mundo. Quais são os ingredientes para tamanho êxito? Claramente é um tipo de música com que as pessoas se identificam, mas não posso dizer que existam ingredientes específicos para o sucesso, senão usaria sempre essa receita. [risos] Tens apenas de seguir o teu instinto, o que te parece certo, e essa é uma grande parte do sucesso. Está a viver um dos melhores momentos da sua carreira. É muito difícil manter o sucesso? É extremamente difícil. Já passei por altos e baixos na minha carreira e aprendi muito com essas experiências. Nunca nada é garantido e estou muito grato por estar onde estou hoje. artistas. Em que medida esse trabalho o preenche? Antes escrevia sim. Escrevi em parceria a música 'Dance Again' para a Jennifer Lopez. É muito gratificante perceber que uma música, que não se adequava perfeitamente ao meu registo, se encaixa tão bem noutro artista. Em 2010, coproduziu a compilação 'Download to Donate for Haiti', que arrecadou fundos para ajudar as vítimas da tragédia. Continua envolvido em projetos solidários? Atualmente, estou a Chegou a escrever músicas para outros
O tema ‘Ritmo Total’ é considerado o melhor videoclipe latino do ano pelos Billboard Music Video Awards 2000 Lança o primeiro álbum, ‘Enrique Iglesias’, e ganha um grammy na categoria de 'Melhor Artista Latino' 1995 O quarto álbum, ‘Quizás’, vende ummilhão de cópias em apenas uma semana 2002 Vence nos MTV India Awards, como ‘Melhor Artista Masculino Internacional’ 2004
passar mais tempo em Madrid e em Marbella.
Como foi crescer em Miami, a cidade onde escolheu viver?
Foi incrível! Existem tantos tipos de culturas diferentes em Miami, que a torna num lugar muito interessante para se viver.
Começou a carreira musical aos 19 anos.
Nessa altura, quais eram os seus sonhos? Alguma vez pensou tornar-se no 'Rei da música Pop Latina'? Nunca poderia ter carreira. Sou tão sortudo! Sou ainda mais grato aos meus fãs por me permitirem fazer o que faço durante tanto tempo. Sempre quis escrever música, viajar pelo mundo e atuar para imaginado tudo o que aconteceu na minha Isso dá mais significado aos prémios que conquistou ao longo do caminho? Para mim, eles são uma lembrança de todo o trabalho árduo que é necessário para se fazer algo que realmente se ama. E também uma recordação de todo o apoio e esforço de todos aqueles que me rodeiam. tantas pessoas - e foi exatamente isso que eles me permitiram.
Ganha uma estrela no Passeio da Fama, em Hollywood 2008
Lança ‘Euphoria’, o seu segundo álbum bilingue, com a participação de Akon, Usher, Nicole Scherzinger, Pitbull, Lil’ Wayne, entre outros 2010 2012 Conquista o galardão para ‘Melhor Cantor Masculino do Ano’, nos prémios Lo Nuestro, nos EUA
©Gettyimages
2014 Vence um grammy latino com a música do ano, ‘Bailando’, disponível em várias versões
"Tens apenas de seguir o teu instinto, o que te parece certo, e essa é uma grande parte do sucesso"
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©www.enriqueiglesias.com
DE CORAÇÃO ABERTO
Do que gosta mais em si Ter a sorte suficiente para poder viver a fazer o que realmente amo E o que menos lhe agrada Ter dificuldade em dormir Um momento inesquecível É difícil escolher, mas o espetáculo para 80 mil pessoas em Londres é uma recordação que nunca será apagada Comida que nunca recusa Sushi, esparguete e frango panado Animal preferido O meu cão Jack
Filmes memoráveis 'Ace Ventura', 'A Ressaca' e 'Annie Hall' Desporto que segue Futebol Clube de eleição Real Madrid Destino recorrente Maldivas, para surfar!
Mote de vida: ‘Nunca desistir’
Ídolos na música: Michael Jackson, Bruce Springsteen e Dire Straits
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PÚBLICO entrevista
trabalhar com a organização 'Save The Children', que apoia crianças carenciadas em tempos de crises humanitárias. Estamos juntos numa parceria para a qual eu recriei o design da t-shirt com um coração que usei no concerto que dei em Tijuana, no México, e todos os lucros das vendas vão para as crianças carentes em todo o mundo. [n.r.: Emmaio, o cantor teve um incidente com um drone durante o concerto e feriu-se na mão. Não parou de cantar e foi-se limpando à t-shirt branca que vestia, acabando por desenhar um coração com o seu sangue] . 'Bailando' detém o primeiro lugar do 'top' do Billboard Hot Latin Songs. A versão em português foi gravada com Mickael Carreira. Gostou de trabalhar com ele? Já conhecia o trabalho do Mickael antes de gravarmos 'Bailando'. Quando a versão espanhola se tornou num sucesso, começámos a pensar fazer outras versões, como a inglesa. Mas eu queria mesmo fazer uma versão especial para Portugal e o Mickael foi a primeira escolha. Conheci-o através de um amigo em comum e fiquei muito feliz por ele
“Como toda a gente, tenho dias bons e dias maus. Mas, normalmente, a felicidade supera qualquer uma das outras emoções”
Usa a web para se manter próximo dos fãs e promover o seu trabalho. Hoje em dia, quão importantes são as redes sociais para a indústria da música? São extremamente importantes. Com tantos tipos de entretenimento por aí, ter uma ligação direta com os teus fãs e potenciais seguidores permite que te destaques. Portugal tem um lugar muito importante na minha memória. Recebi o meu primeiro Disco de Ouro para o álbum 'Enrique' em Portugal, durante uma viagem de promoção desse trabalho. Foi o primeiro país a dar-me essa distinção e, depois de trabalhar tão arduamente para chegar àquele nível, foi uma verdadeira honra ver o público português a reconhecer o meu esforço. E o que podem esses mesmos fãs portugueses esperar da nova digressão 'Sex and Love'? Regressa a Portugal a 13 de dezembro. Do que mais se lembra das visitas anteriores? Do que mais gosto nos meus espetáculos é que nunca se sabe o que se pode esperar. Às vezes, levo fãs ao palco comigo e nunca se sabe como eles vão reagir. É sempre uma surpresa e isso faz com que cada concerto
eu considerei que Sean Paul seria o melhor - e ele acertou em cheio! Quais as qualidades que mais admira numa pessoa? Admiro alguém que seja cortês e que se preocupe genuinamente com os outros. Aos 40 anos, considera-se uma pessoa feliz? Como toda a gente, tenho dias bons e dias maus. Mas, normalmente, a felicidade supera qualquer uma das outras emoções. Já participou em séries e filmes. Em que ponto da sua vida se interessou pela representação? Não me consideraria um ator, em comparação com as pessoas talentosas com quem já tive possibilidade de trabalhar. A primeira vez que me interessei foi quando fui abordado para aparecer num filme de Robert Rodriguez ( n.r.: Enrique refere-se ao filme ‘Era uma vez no México’, de 2003 ). Aceitei a oportunidade e acabou por ser muito divertido.
ter aceitado fazê-lo. Ele é um grande profissional e resultou tudo muito bem! Agora, 'El Perdón', com Nicky Jam, já tem mais de 300 milhões de visualizações no YouTube e é tocada nas rádios de todo o mundo. Gosta de de ouvir a minha voz na rádio, porque isso significa que criei algo com o qual as pessoas se identificam e de que estão a gostar. O álbum 'Sex and Love' tem a participação de Pitbull, Flo Rida e Kylie Minogue, entre muitos outros. Como escolhe os artistas com quem trabalha? Não nos podemos esquecer de Juan Magan, Descemer Bueno, Gente De Zona, Romeo Santos, Marco Antonio Solis e India Martinez. Não há fórmula para escolher alguém, é só um feeling instintivo. Por exemplo, havia imensas sugestões sobre quem deveria participar na versão inglesa de ‘Bailando’, mas se ouvir na rádio? Sim, gosto bastante
©DR
'SEX AND LOVE' EM PORTUGAL
Enrique Iglesias volta ao Meo Arena no momento em que ‘Bailando’ mantém o destaque na Billboard Hot Latin Songs e o single ‘El Perdón’ explode nas rádios mundiais. Traz a digressão ‘Sex & Love’, que começou a 14 de fevereiro de 2014, em Porto Rico, e esgotou o Madison Square Garden, em Nova Iorque, no dia seguinte. À Europa chega este mês com 16 concertos. O de Portugal está agendado para 13 de dezembro, prometendo-se uma experiência “poderosa, vibrante e sensual”.
seja uma experiência diferente e memorável.
Que mensagem lhes quer deixar?
Portugal! Passou demasiado tempo desde que aí estive... Estou ansioso por vê-los novamente em breve!
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GRUPO CARMIM Rua Professor Mota Pinto - Apartado 3 Reguengos de Monsaraz - PORTUGAL
PÚBLICO mundo
TATTOOS TINTAS E TÓXICOS Afinal, com o que estamos a pintar a pele?
A tatuagem é uma prática milenar, mas nem por isso totalmente segura. Um estudo científico lança o alerta: a longo-prazo, os riscos podem ir muito além das infeções e alergias, já que pouco se sabe sobre os efeitos da tinta que a pele absorve.
texto Ana Rita Dinis
{ Ausência de regulação } Segundo o estudo, entre 1 e 5 por cento das pessoas tatuadas sofrem uma infeção bacteriana e muitos têm reações alérgicas à tinta. Mas estes são apenas efeitos secundários de curto-prazo. Andreas Luch alerta que o maior problema é que não se sabe ao certo como as tintas interagem com o organismo e, emmuitos casos, tem-se observado que as reações demorammeses ou mesmo anos para surgir. Por exemplo, sabe-se que as tatuagens que usam tintas coloridas provocam mais reações alérgicas do que as outras, especialmente o vermelho. No entanto, nenhum estudo conseguiu ainda apurar o motivo. E é muito mais difícil medir as consequências ao longo do tempo, visto que “na maioria dos países as tintas das tatuagens são classificadas como cosméticos”, revela o investigador. Deste modo,
E ntendida como uma forma de expressão cultural nalguns grupos sociais, as tatuagens são hoje uma prática corrente, sobretudo entre os mais jovens. E se antes as questões de saúde e segurança se focavam nas regras de higiene e na prevenção de infeções, com o desenvolvimento de muitas cores, os perigos são acrescidos, visto que pouco se sabe sobre a toxicidade dos novos ingredientes. A este propósito, a revista científica 'The Lancet' publicou recentemente um estudo que volta a questionar os riscos desconhecidos das tatuagens. “Hoje em dia, quase toda a gente tem uma tatuagem e ninguém fala dos efeitos colaterais dos depósitos intradérmicos de tinta”, afirma o coordenador da pesquisa, Andreas Luch, do Instituto Federal Alemão para a Avaliação de Riscos. “Não existe prova alguma
a toxicidade a longo-prazo não pode ser testada em animais. A barreira da pele mantém os cosméticos de superfície fora do corpo. Porém, as tintas das tatuagens são injetadas em tecido vivo, que contém vasos sanguíneos, nervos e células imunes, e ficarão sistematicamente disponíveis no corpo ao longo do tempo, pelo que, para Luch, estas deviam pertencer a uma categoria de produto diferente. Na Europa, pelo menos 100 milhões de pessoas têm uma tatuagem, mas não existem ainda regras comuns sobre os corantes utilizados. Em Portugal, por exemplo, não existe regulamentação. Vários países da UE já pedirammais regras nesta matéria, à semelhança do que acontece com o tabaco e com os solários. “Os riscos imediatos são conhecidos”, incluindo a dor, sangramento, infeção e reação alérgica, alerta Luch, mas as consequências
de que os ingredientes destas tintas são seguros, quando injetados no corpo”, diz. As tintas modernas das tatuagens contêm pigmentos orgânicos, mas também podem incluir conservantes e contaminantes, como níquel, arsénico e chumbo. As principais questões incidem sobre o potencial de fototoxicidade, migração de substâncias e possível conversão metabólica dos ingredientes das tintas em substâncias tóxicas. Durante o estudo, examinaram-se os corpos de pessoas que tiveram tatuagens durante décadas e comprovou-se que até 90% da tinta havia desaparecido. “Não conseguimos saber o que acontece às tintas”, se se acumulam nos órgãos ou se são expelidas”, diz Andreas Luch. O mesmo acontece durante a remoção de tatuagens a laser “quando os pigmentos são fragmentados debaixo da pele não sabemos para onde vão”.
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Crónica
© DR
Pedro Fernandes Técnico Oficial de Contas
FATURAS E DEDUÇÕES NO IRS DE 2015
D o supermercado ao vestuário, passando pelo abastecimento da sua viatura, saiba que na sua declaração de IRS de 2016 o Fisco vai deduzir 35% de todas as suas despesas gerais familiares (45% para as famílias monoparentais). Mas como tudo tem os seus limites, também neste caso cada contribuinte só poderá deduzir até 250€ destas despesas, i.e, basta gastar 715€ para se obter de atingir. Em conjunto, um casal poderá deduzir ummáximo de 500€. Nas famílias monoparentais, a dedução terá o limite de 335€. Em qualquer dos casos, o número de filhos não faz aumentar o limite do benefício. No geral, podem constar nas faturas quer o NIF do sujeito passivo (pai ou mãe), quer o NIF do membro do agregado familiar a quem as despesas dizem respeito. Sendo que numa situação de divórcio com guarda conjunta dos filhos, as faturas que sejam emitidas com o NIF dos filhos serão repartidas igualmente entre ambos os progenitores. Quanto às despesas de educação, e com a reforma do IRS, passam a ser dedutíveis apenas o benefício máximo, o que não será difícil
as despesas de formação, os encargos com o pagamento de creches, jardins-de-infância,
lactários, escolas, estabelecimentos de ensino e outros
serviços de educação, bem como as despesas commanuais, livros escolares e explicadores, professores ou formadores devidamente registados. Já na saúde, convém não esquecer que os artigos a 23% com receita voltam a ser dedutíveis. No entanto, e caso não tenha pedido para lhe faturarem estes produtos em separado e tenha sido emitida uma fatura conjunta, a mesma será considerada automaticamente pelo fisco como “despesa geral familiar” e não como despesa de saúde, com prejuízo para o contribuinte (Fica o alerta para 2016). É importante que cada contribuinte tenha presente que uma senha de acesso ao portal da Autoridade Tributária (AT) e as faturas já não são uma garantia que irá deduzir tudo aquilo a que tem direito. A tudo isto terá agora de juntar bastante atenção, paciência, determinação e visitas regulares ao site e-fatura até dia 15 de fevereiro de 2016 para verificar se todas as faturas foram corretamente comunicadas à AT.
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a longo-prazo, como o perigo de toxicidade dos órgãos ou de cancro, são ainda desconhecidos. { Risco de cancro? } Um estudo da Bradford University no Reino Unido - onde 20% da população tem o corpo tatuado - indica que as tatuagens fazem aumentar o risco de cancro. Os cientistas encontraram provas de que as nanopartículas de tinta podem entrar na circulação sanguínea e acumular-se nos órgãos principais, como o fígado e rins, ameaçando a sua funcionalidade. Segundo este estudo, algumas tintas danificam o colagénio, uma proteína fundamental para o corpo humano. professor de Dermatologia na Universidade do Hospital de Copenhaga, descobriu químicos cancerígenos em 13 das 21 tintas europeias mais usadas nas tatuagens. “Milhões de europeus Um outro estudo, neste caso de Jorgen Serup,
estão agora a ser tatuados com substâncias químicas de origem desconhecida”, afirma o investigador. Há três anos, a U.S. Food and Drug Administration lançou igualmente uma investigação sobre o tema nos Estados Unidos, depois de uma pesquisa ter demonstrado que as tintas continham substâncias potencialmente cancerígenas, incluindo metais, como o cobalto e o mercúrio, e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, como o benzo(a)pireno.
SABIA QUE... As tatuagens existem há mais de 5000 anos , mas são uma moda recente. Cerca de 120 milhões de pessoas no mundo ocidental têm pelo menos uma tatuagem. Entre 1 e 5% das pessoas tatuadas desenvolvem problemas de pele.
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PÚBLICO mundo
Portugal está preparado para receber CRISE EUROPEIA DE REFUGIADOS
© Lusa
Continuam a chegar milhares de refugiados à Europa. Portugal vai acolher 4 500 nos próximos dois anos e são várias as instituições que prepararam o acolhimento.
ultrapassar para conseguir chegar à Europa, e por essa razão, os mais velhos têm dificuldade. A maior parte dos refugiados são pessoas de classe média e média-alta porque são aqueles que tiveram capacidade de reunir todos os recursos e vender para poderem pagar o custo de chegada à Europa que é elevadíssimo. Evidentemente os mais pobres não têm essa capacidade. A vida deles reduz-se à mochila que trazem às costas e à família que conseguiram salvar… quando conseguiram”. Os campos de refugiados estão lotados e com a chegada do inverno, há muitos que não têm condições para manter estes milhares de pessoas. É por isso que Rui Marques alerta: “Esta é uma situação de urgência humanitária, não é uma coisa para fazer com calma e demorar cinco anos. É uma matéria de urgência humanitária. Quanto mais rápido melhor”. De uma coisa não há dúvida, remata: “Portugal está preparado para receber os refugiados”.
famílias. Já foram assinados 67 protocolos, com 420 lugares disponíveis. Além desta plataforma, existem
outras organizações a preparar a receção,
texto Inês Carranca
como as autarquias que desempenham um papel fundamental no processo. { Quem virá para cá? } “Portugal vai receber refugiados a partir dos campos de Itália e Grécia. A identificação e a seleção dos refugiados, não é da competência do país, mas das instâncias europeias. Os países mais previsíveis de origem dos refugiados que vamos receber são a Síria, mas também Eritreia, Sudão do Sul, Afeganistão, Iraque”, avança Rui Marques. Quanto ao seu perfil, é impossível precisar: “Não sabemos. Existe um número significativo de refugiados que se movimenta com o seu agregado familiar, mas há também quem venha isolado. Há um baixo número de idosos porque há um conjunto de obstáculos que é preciso
O s números são muito alarmantes e, por isso, a União Europeia (UE) está a tentar responder
aos Refugiados, que através do programa 'PAR Famílias' prepara a integração de famílias de refugiados. “O acolhimento é de base comunitária, não em centros de refugiados. É disperso pelo país e com a forte expectativa de integração. subsistência das famílias, mas também questões como educação, saúde, e acesso à aprendizagem de português. O objetivo é proporcionar um alojamento autónomo para que os refugiados possam recomeçar a sua vida”, explica Rui Marques, responsável da entidade. A Plataforma de Apoio aos Refugiados inclui 250 organizações que estão a preparar a chegada destas Este acolhimento tem de ser holístico e focar não só o alojamento e a
à crise humanitária de forma concertada.
Só este ano chegaram à UE mais de 613 mil migrantes que arriscaram a vida a atravessar o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor. Mais de 3 100 morreram. A maioria vem de países que estão em guerra, como a Síria, e gastam as poupanças de uma vida para comprar a viagem. Para combater a crise, a UE elaborou um plano especial de acolhimento. A Portugal caberá receber 4 500 refugiados em dois anos. São várias as entidades envolvidas no projeto de acolhimento. Uma delas é a Plataforma de Apoio
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PÚBLICO mundo
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Localizado em São Paulo, Brasil, o hospital é uma referência na América Latina e está a desenvolver um programa de acolhimento para atender pacientes de outros países. Hospital Moriah de portas abertas para o mundo
Veja o vídeo
texto Vítor Alvito
O Hospital Moriah, que pertence ao grupo económico Life Empresarial Saúde, representa um investimento de 130 milhões de reais (cerca de 29 milhões de euros), tem, atualmente, 50 camas e capacidade para realizar quase 490 cirurgias por mês. A perspetiva é que sejam realizados cinco mil atendimentos quando o hospital estiver a funcionar a 100%. Inaugurada em abril deste ano, a unidade hospitalar tem-se destacado sobretudo nos processos cirúrgicos minimamente invasivos nas áreas da neurologia, cardiologia e ortopedia. “Por exemplo, na cirurgia cardíaca não é feito o procedimento tradicional de corte no tórax. Procuramos fazer uma abordagem lateral com cortes cada vez menores”, referiu Leandro Echenique,
internacional e já está a receber pacientes vindos de todo o mundo, em particular do continente africano. Anualmente, oito milhões de pessoas viajam para o estrangeiro em busca de tratamento médico e o Brasil é o principal destino na América do Sul. De acordo com os dados mais recentes, em 2014, 3,3% dos 15 milhões de turistas que chegaram a São Paulo vieram à procura de serviços médicos. “O Brasil já é bastante conhecido pelo turismo médico, especialmente para cirurgia plástica”, esclarece Eunice Higuchi. A proximidade da unidade ao Aeroporto de Congonhas facilita todo este processo, especialmente em casos mais graves.
Diretor Geral do Hospital Moriah, durante uma visita recente às instalações da TV Record, em Lisboa. { Pacientes em primeiro } Apesar de a tecnologia ser o grande destaque no Hospital Moriah, o doente tem sempre o papel principal. “Fazemos questão de não tratar o paciente pelo número, porque é muito comum a pessoa ser tratada pela doença ou por um número”, diz Eunice Higuchi, Presidente do Hospital Moriah. “Gostamos de nos colocar no lugar do paciente”, acrescenta. Esta preocupação levou a que a unidade hospitalar fosse integrada no Planetree, uma organização americana focada no cuidado centrado no paciente em ambientes de cura. Apesar de estar em São Paulo, o Hospital Moriah pretende ser também uma referência a nível
Em visita à TV Record, Leandro Echenique , Diretor Geral, e Eunice Higuchi , Presidente do Hospital Moriah, com David Perpétuo , Diretor Executivo da TV Record Europa
permitiu que mais de uma dezena e meia de pacientes africanos recebessem ali tratamento médico, um número que deverá subir nos próximos meses. Por enquanto, o Hospital é constituído por um único edifício, mas o plano é criar uma 'cidade da saúde' onde os doentes sejam tratados o mais rapidamente possível de forma menos invasiva do que as tradicionais cirurgias.
O hospital tem também em curso um Programa Internacional de Acolhimento que já
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Reino Unido quer pôr fim ao fumo nos carros com crianças Já entrou em vigor na Inglaterra e no País de Gales a nova lei que proíbe condutores e passageiros de fumar dentro de automóveis commenores. A Escócia e a Irlanda do Norte também estão a considerar a medida.
texto Ana Rita Dinis
© iStock.com/ClarkandCompany
P assou então a ser ilegal fumar dentro de um carro, sempre que um menor de 18 anos estiver no interior, mesmo que as janelas estejam abertas ou o veículo tenha teto de abrir. Quem não respeitar, incorre numa multa de 50 libras (perto de 70 euros). Segundo a Fundação Britânica do Pulmão, mais de 430 mil crianças respiram fumo de tabaco nos carros
Esta lei soma-se a outras que já foram aprovadas nos últimos anos para proibir as pessoas de fumarem em locais públicos fechados e nos postos de trabalho. A medida, que já foi implementada em alguns Estados norte-americanos, assim como em várias regiões do Canadá e
mesmo a ter de recorrer a um hospital. O fumo em ‘segunda-mão’ contémmais de 4mil químicos, alguns dos quais conhecidos por provocar cancro. O fumo pode permanecer no ar, no interior de um carro, até duas horas e meia, mesmo com uma janela aberta, e gera uma concentração de toxinas mais elevada do que num bar - algumas investigações indicam que é 11 vezes superior.
todas as semanas. Esta exposição passiva tem
sido fortemente relacionada com infeções pulmonares, asma, problemas de ouvidos e síndrome de morte súbita em crianças. Alguns estudos indicam que, no Reino Unido, 300 mil crianças visitam todos os anos o médico de família por causa dos efeitos do fumo em ‘segunda-mão’, sendo que 9 500 chegam
Austrália, também está a ser avaliada para ser adotada em Portugal.
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PÚBLICO sociedade
Foram anos e anos de rua. Trazem-na inscrita no corpo, em cada sulco do rosto, como uma segunda pele. Dinho e Carlos ainda não encontraram o seu pedaço de chão, mas já não dormem ao relento. Estes dois ex-sem-abrigo contaram à Share Magazine como é viver à margem.
texto Virginia Galván
E ra uma noite de novembro, fria como só as noites de inverno sabem ser. A chuva teimava em cair e nas ruas de Xabregas não se via ninguém, exceto um homem negro e franzino, que acabara de ser expulso do albergue onde dormia.
Semmanta, sem nada. Foi desumano. Eu não guardo mágoas de ninguém... mas uma pessoa sente.” { Viver entre "bandidos" } Durante longos anos, evitou os albergues. O alcoolismo mantinha-o refém da rua, escravo do vício que lhe
a uma 'loja do chinês', um alpendre acanhado com pouco mais de ummetro fez as vezes de cama, o instinto de sobrevivência a impor-se uma vez mais à adversidade. “Nessa altura, já não estava habituado à rua, já não tinha buraco onde me encostar. Dormi ali, à chuva, ao frio.
A rua, que durante muitos anos tinha sido a sua casa, surgia agora como uma espécie de território desconhecido e ameaçador. As pernas fraquejavam e o corpo ressentia-se, castigado pelo frio e pelo álcool, mas Dinho precisava de um sítio para pernoitar. Junto
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A garrafa de vinho tornou-se na sua mais fiel companhia, por vezes, mesmo a única. Os dias eram passados a dormir, as noites sucediam-se umas às outras, alimentar-se deixou de ser preocupação. “Cheguei a um ponto em que não sabia o que era fome. O organismo rejeitava comida, só entrava álcool. Uma pessoa quando bebe a sério não pensa em comer. E conseguia dormir porque estava sempre com os copos. Só dormia com a 'cabeça cheia'... porque se estivesse com a 'cabeça vazia' pensava muito. Era assim a minha vida.” Quando o dinheiro não chegava para comprar uma garrafa, arrastava-se quase sem poder falar, com o corpo a contorcer-se emmil tremores, em busca do café mais próximo para beber uma taça de vinho. Coberto de vergonha, tentava então ser invisível, pedia por tudo para que não reparassem nele, para que a habitual indiferença alheia perante os sem-abrigo se fizesse sentir uma vez mais. “Via as pessoas a tomarem o pequeno-almoço e eu
ocupava os dias. Nasceu em Angola no ano de 1964, numa família desarticulada de um bairro operário de Luanda.
"Uma pessoa que nunca viveu no berço de uma mãe, nunca teve umpai, andou sempre de buraco em buraco, nunca vai ter uma vida saudável a nível mental”
A morte do pai, quando tinha apenas três anos, veio complicar a vida da
a beber aquele copo sentia uma vergonha enorme, tinha de esperar que estivessem distraídos, porque metade do vinho caía-me logo na t-shirt. ..” { "A minha casa é a rua" } “Sou o resultado de tudo o que passei. Não tive infância, nunca soube o que era viver em família e isso afetou a minha forma de estar, de crescer, de viver. É como fazer uma comida que não leva os ingredientes necessários, não sai como deve ser. Uma pessoa que nunca viveu no berço de uma mãe, nunca teve um pai, andou sempre de buraco em buraco, nunca vai ter uma vida saudável a nível mental. Eu acho que a minha casa, o meu habitat é a rua.”
Gonçalo Henriques, psicólogo e membro da Equipa de Rua do Centro Porta Amiga das Olaias da AMI (Assistência Médica Internacional), tem vindo a acompanhar Dinho ao longo de todo o processo de saída das ruas: “Conheço-o há dez anos. Estamos agora a ajudá-lo a tratar da documentação, apesar de ser moroso”. Já não dorme em buracos na rua, mas só o deixam permanecer no albergue no período entre as 18:00 e as 9:00. Andar a vaguear todo o dia é, segundo o responsável da AMI, propício a recuos. Dinho tem 51 anos e não quer terminar a vida dentro de uma instituição. Não compreende como pode ser
numerosa família e ajudou a que Dinho crescesse “vadio”. Estudou, fez tropa, ingressou na academia militar. A perda da mãe, em 1992, trouxe-o a Portugal, para viver com as irmãs. O álcool, no entanto, qual amante exigente, cedo começou a causar problemas. “Em Lisboa, dediquei-me à copofonia. Bebia de manhã à noite, a minha vida estava entregue ao alcoolismo. Eu era doente, vivia 24 horas sob o álcool, não tinha noção do ridículo.” as floristas do Cais do Sodré, fazia uns biscates no Mercado da Ribeira, dormia muitas vezes na Av. 24 de julho. Depressa se acostumou ao ambiente do Cais, a viver “no meio de bandidos”. “Só quem tem posses é que sente medo de andar na rua. Eu sempre vivi emmeios conturbados.” Começava assim a vida de sem-abrigo. Ajudava
816 sem-abrigo, em Lisboa Existem
1 511 A AMI atendeu sem-teto, em 2014
{ Fonte } AMI
© TV Record
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PÚBLICO sociedade
650 novos casos por ano Registam-se
{ Fonte } AMI
10 405 pessoas sem-teto Desde 1999, a AMI já apoiou
© AMI
Alguns elementos da Equipa de Rua da AMI de Lisboa: Joana Gomes, assistente social, Gonçalo Henriques, psicólogo, e Sérgio Condez, investigador Social
{ “Cresci na rua” } Carlos tinha 14 anos quando passou a primeira noite na rua. Amorte dos avós, que o criavam desde bebé, atirou-o para casa da mãe, para um lar onde não pertencia e que não sentia como seu. “Amorte dos meus avós deitou-me muito abaixo. Perdi tudo. Fui para casa da minha mãe, que estava a viver com o meu padrasto e outros três irmãos. Aparecer lá em casa assim mais um filho de repente é... chato.” Com a resignação de quem já não tem nada a perder, saiu de casa para nunca mais voltar e, em trinta e três anos, nem uma única palavra foi trocada com a mãe. “A primeira noite foi dolorosa, chorava muito. Não tinha ideia nenhuma para onde ir. Foi um choque muito grande.” Sem-abrigo durante quase 16 anos, as ruas viram o menino transformar-se em homem. Pelo meio a fome, o medo, a carência. “Não ter um abrigo, uma cama, um cobertor, um
destilando a tristeza de quem percorreu a vida sozinho. Mas Dinho é um homem feliz. Apesar das mágoas que carrega e dos maus-tratos a que foi sujeito, diz-se grato por ter nascido e conta que gosta de rir, que ri muito, mesmo quando está triste, o riso é o seumedicamento. Os dias são vividos à medida que
entranha-se no corpo e a terrível sede era inesgotável. Até que um dia, farto do álcool deitou fora a garrafa e resolveu procurar ajuda. “Acabou. Divorciei-me do álcool, cada um seguiu a sua vida. Houve um dia em que disse chega, não quero mais nada com o álcool. Não quero mais nada com o álcool...
considerado estrangeiro num país que é o seu lar e luta por ser reconhecido como cidadão português, para um dia poder vir a ser útil à sociedade. “Sou um ser humano, tenho direito a uma vida digna. Antes, em qualquer lado, mesmo que fosse num banco de jardim, passava lá a noite. Mas a idade começa a pesar... Custa-me acordar às 7:00 para sair para a rua, para a chuva e frio. Estando mal ou bem, tenho de caminhar. Isto é doloroso, é triste. Dói no fundo do coração, custamuito.” não mais. Recompõe-se e volta a exibir o sorriso aberto e franco que o tem acompanhado no decorrer desta entrevista, e quiçá, ao longo de toda uma vida. { "Não sei bem o que é o futuro" } Foram várias as tentativas de reabilitação, mas a rua Emociona-se, engole uma lágrima. Fica em silêncio. Umminuto,
"Acabou. Divorciei-me do álcool, cada um seguiu a sua vida. Houve um dia que disse chega, não quero mais nada com o álcool.”
passam, sem grandes planos, sem saber ao certo o que é isso a que as pessoas chamam de futuro. “Não sei bem o que é o futuro, porque tenho uma vida muito limitada, não só pela idade, mas a nível físico. Não quero dinheiro, só quero documentos para conseguir andar para a frente. Mas acho que se ainda não tive felicidade plena nunca mais vou ter.”
Fui para o Júlio de Matos para me tratar... até hoje.” A voz não é mais do que um sussurro, embarga-se e fica presa na garganta. Foram seis meses em tratamento no hospital, onde ninguém acreditava na sua recuperação e todos o viam como um caso perdido. No entanto, Dinho garante que não voltou a beber um único copo de vinho. O olhar, agora sóbrio, humedece-se,
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